7 de agosto de 2016

O histórico Palace Hotel vai reabrir na mais antiga rua do Brasil

Foto: Blog Antiguinho
Por Alexandra Prado Coelho
Foi um dos grandes hotéis de luxo do Brasil, um símbolo de glamour entre os anos 30 e os anos 60 do século XX, o lugar onde todos queriam ser vistos e onde os paparazzi se acotovelavam à porta para apanhar a melhor foto dos famosos. E até personagens de ficção como a Dona Flor, criada por Jorge Amado para o livro Dona Flor e Seus Dois Maridos, sonhavam ir lá.
Agora, o icónico Palace Hotel de Salvador da Bahia, situado na Rua Chile – a mais antiga do Brasil, fundada em 1549 – prepara-se para reabrir, em Setembro, depois de profundas obras de recuperação.
O projecto é da Fera Investimentos, grupo do empresário brasileiro Antonio Mazzafera, de 41 anos (que já foi director do Maybourne Hotel Group, ex-Savoy Group), e a recuperação, que pretende manter o edifício o mais próximo possível do original, foi confiada ao arquitecto dinamarquês Adam Kurdahl.
Inaugurado em 1934 e desactivado há cerca de dez anos, o Palace, que ocupa todo um quarteirão, foi inspirado no Flatiron Building de Nova Iorque e nos seus tempos de glória recebeu personalidades como Pablo Neruda, Orson Welles ou Carmen Miranda.
São mais de seis mil metros quadrados de área construída distribuídos por dez andares e, segundo o grupo Fera, o investimento ascende aos 50 milhões de reais (cerca de 14 milhões de euros). O Fera Palace terá 81 quartos, dos quais 12 são suítes, e ainda dois restaurantes (um dos quais, O Adamastor, no piso térreo), bares, salão de festas, salas de conferências e piscina, solário e ginásio no último piso, com vista para a baía de Todos-os-Santos. Nas obras, iniciadas em 2014, foram recuperadas as 434 janelas de madeira do prédio e os mais de 200 adornos Art Déco, além do soalho e dos mármores originais.
Salvador é apenas o ponto de partida daquilo que a Fera Investimentos (através da Fera Hotéis) pretende que venha a ser uma rede de “hotéis boutique diferenciados, misturando serviço personalizado com um produto com arquitectura e design únicos, sempre integrados com a cultura local”. Os investimentos serão feitos em “regiões subaproveitadas e com potencial de revitalização através de projectos inovadores”.
Para a cidade de Salvador, este promete ser também o início da revitalização de uma rua histórica, que entrou em decadência na década de 70 quando a cidade começou a crescer noutras direcções. Há ainda muita gente que se recorda dos tempos áureos da Rua Chile, símbolo de requinte e elegância, onde se situavam as melhores lojas – entre as quais os dois grandes armazéns, a Sloper e a Casa Duas Américas – teatros como o de São João, famoso pelas festas de Carnaval e que foi destruído por um incêndio em 1923, e cinemas como o Glória ou o Guarani. 

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