“Nunca recebi ajuda de ninguém, só de Deus”, questiona D. Junilha
Mesmo sem apoio oficial, família acredita na lavroura para sobreviver |
Sem terras, agricultores utilizam as margens da BA 52 para plantar |
É só chegar o mês de maio que a família de Dona Junilha
Nascimento começa a preparar a terra para o plantio. Sem propriedade rural, a
família cultiva sua roça as margens da Estrada do Feijão, próximo ao Distrito
de Bravo.
Dona Junilha e família moram na comunidade quilombola de Salgado,
ainda não reconhecida pelo governo, em Serra Preta. Diz que planta todos os
anos e nunca precisou comprar feijão, sempre colhe e armazena parte para se alimentar
durante o intervalo da safra.
Casebres ainda são comuns em Serra Preta
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Durante o plantio, agricultores se alojam em casebres
improvisados. “Nunca recebi ajuda de ninguém, só de Deus”, afirma D.
Junilha. Em Serra Preta, não há uma política agrícola eficaz desenvolvida por parte do
governo. Os trabalhadores rurais vivem a mercê do tempo. Doença de Chagas ainda
é comum no município, fruto de moradia improvisada, que facilita a permanência
do barbeiro, inseto hematófago, transmissor da doença.
Sem moradia digna e nem terra própria para plantar, os
pequenos agricultores de Serra Preta são os verdadeiros sem terras brasileiros.
Vivem quase de forma muito simples, semelhante aos anos 30. Durante a seca, como
estão enfrentando agora, vivem da sorte. A falta de organização política talvez
seja um dos principais motivos para a desatenção do Governo. O pior é que
quando a idade está avançada têm dificuldades em juntar provas para se
aposentar como trabalhador rural, sendo vítimas dos caprichos de líderes
sindicais e imcompreensão judicial.
Cadê a Reforma Agrária...
Foto: internet
Presidente João Goulart, em comício, promete a reforma agrária |
Durante o governo de João Goulart, 1961 a 1964, este já previa a
desapropriação das áreas rurais inexploradas ou exploradas contrariamente à função social da propriedade, situadas às
margens dos eixos rodoviários e ferroviários federais, e as terras beneficiadas
ou recuperadas por investimentos da União em obras de irrigação, drenagem e construção
de açudes.
O Golpe dos Militares de 1964, com o apoio dos Estados
Unidos, derrubou o governo de Goulart. O projeto foi esquecido. Com a queda dos
Militares do poder em 1985, a democracia foi retomada, mas nenhum presidente
ainda foi capaz de encarrar a reforma agrária de forma séria. Muitos trabalhadores rurais
vivem da aposentadoria dos pais e da bolsa família, ações governamentais
importantes, mas que não acabam com a miséria secular nordestina.
Fotos e Informações: Zelito Leite
Excelente matéria. Parabéns!
ResponderExcluirÉ triste ver que problemas estruturais de décadas ainda não foram resolvidos em Serra Preta, em muito por conta da alta concentração fundiária.
Entra governo, sai governo, a história continua a mesma.
Excelente matéria!!! Serra Preta parou no tempo e ninguém faz nada. Desejo força a esses trabalhadores honestos.
ResponderExcluirParabéns pela reportagem! Essa sim uma matéria jornalistica sem cunho partidarista, informativa e esclarecedora da real situação agrária, ou seja, situação do município que é essencialmente agrário. Parabéns!!!
ResponderExcluirNa China obrigatoriamente, todo cidadão antes de escolher uma profissão, tem que entender o bastante sobre a riqueza que a terra pode produzir, para depois então escolher a profissão que mais lhe convém, portanto nenhum médico, professor, cientista e etc se formará sem esses conhecimentos obrigatórios.
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