25 de novembro de 2017

Feira de Santana: Escola discute intolerância Religiosa

Mário Ângelo discutindo sobre intolerância religiosa
Esta semana estive com os alunos do Colégio Estadual José Ferreira Pinto, em Feira de Santana, gerenciado pela diretora Andréa Souza Barreto, para discutir sobre intolerância religiosa. O encontro ocorreu na UEFS e contou com uma mesa de alto nível. Os alunos tiveram acesso com pensadores de diversas tendências religiosas e com um grau de tolerância extraordinária.

Na verdade, foi um grande aprendizado para todos nós. Dividir a mesa com o Dr. João Eures, Prof. Jorge Nery, Dra. Claudia Sepúlveda, Prof. Sérgio Tranzilla e Andrey Sá é sempre o desafio e um prazer muito grande. Discutimos das religiões afros ao paganismo, das religiões cristãs ao ateísmo. A tolerância foi o elo comum, o que garantiu a irmandade.
Como há muito tempo não frequento nenhuma religião, nem mesmo fui batizado quando garoto – posição familiar que agradeço até hoje, preferi relacionar a intolerância religiosa com a relação de poder, a partir da Legislação e de práticas de favorecimento da máquina estatal para determinados segmento religioso.

O engraçado disso tudo é que todos os dias exemplos surgem. O que têm de prefeitos que tentam impor sua crença, utilizando o dinheiro público a favor de eventos religiosos. No final do debate, uma aluna utilizou a palavra para perguntar a mesa sobre o projeto de Lei aprovado pela Câmara Municipal de Feira de Santana, que obriga as escolas públicas a lerem a bíblia (sic).

Foi ponto comum o reconhecimento discriminatório que as religiões afros sofrem no Brasil. Há também um olhar desigual para os cidadãos que não adotam nenhuma religião ou mesmo neguem a verdade de todas existentes. Neste sentido, citei a Constituição da Rússia, onde garante a liberdade religiosa, inclusive protege os indivíduos que não professa religião alguma.

Mas o mundo contemporâneo não esta fácil para o campo da tolerância. A liberdade individual e coletiva é atacada todos os dias. Mesmo na Rússia foi possível ler, este ano, a repressão que uma determinada religião de origem norte-americana sofreu naquele país. Talvez nem precise falar das dificuldades que os muçulmanos sofrem nos EUA e em diversas partes da Europa, associando os seguidores de Alá ao terrorismo.

Na Bahia, principalmente na capital, conhecida como a Roma Negra, os terreiros de candomblés são discriminados e perseguidos por religiões neopentecostais. Ano passado, estive na cidade de Cachoeira e conversei com Mãe Preta, uma guerreira contra a intolerância religiosa e o racismo. Mãe Preta chegou a afirmar que melhora ocorreu, mas ainda há um longo caminho a percorrer na luta pela igualdade. Sejamos ‘intolerantes’ com a intolerância e toda forma de discriminação! Que o mundo aprenda com seus próprios erros e que sejamos capazes de tomar consciência sobre nós mesmo e a natureza que nos cerca, com respeito às subjetividades de cada cidadão. 

Mário Angelo S. Barreto
Professor de História


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